“The history of government management of money has, except for a few short happy periods, been one of incessant fraud and deception.” [1]
Há já um ano que escrevo acerca da necessidade de ser mantida uma Zona Euro viva e de boa saúde, com Portugal a fazer obrigatoriamente parte dela. Tenho-o feito pois reconheço a catástrofe económica que sucederia se eventualmente o Euro deixasse de ser a moeda oficial portuguesa. Disse no passado que para isso acontecer, teríamos de chegar “ao fim da linha”. Hoje mantenho a mesma posição, mas já só faltam alguns apeadeiros!
De 2009 para 2010, a taxa de crescimento real do PIB da Zona Euro aumentou 2,3 pontos percentuais. Este acontecimento volátil, entre muitos outros jogos de interesses dúbios e variados erros relacionados com a crise da dívida soberana, motivou os tecnocratas da União Europeia a criarem mais moeda, aumentando assim a quantidade de dinheiro disponível nos países utilizadores do Euro como moeda oficial, com intuito de oferecer representatividade monetária ao suposto aumento de riqueza na Europa. Este acto criminoso que tenho vindo a denominar de “ligar a impressora” (dado que mais não faz do que imprimir notas – em sentido prático) levou-nos, em acréscimo com outros acontecimentos voluntários e involuntários, a uma inflação de rápido aumento – de 0,3% em 2009 para 1,6% em 2010, tendo atingido no passado mês de Novembro o valor de 3 pontos percentuais. Em paralelo, tentámos combater a questão da dívida soberana com subidas nos impostos, o que nos levou a uma diminuição abrupta no PIB: Dito em bom português, acabámos por ficar sem pau nem bola, pois nem temos na Zona Euro uma taxa de inflação como a que tínhamos há bem pouco tempo (e que era inveja de muitos países pelo mundo fora), nem um crescimento económico razoável. Neste cenário circular, o BCE vê-se com pouca ou nenhuma margem de manobra para responder à crise do Euro através dos mecanismos convencionais da U.E. Parece-me evidente: O euro já não serve à economia portuguesa e às suas características (se é que alguma vez serviu).
As moedas raramente se “extinguem”, apenas se afundam em utilidade e/ou valor, levando consigo o bem-estar dos povos que delas fazem uso. Ora, compete-nos enquanto povo saber que caminho pretendemos seguir: Ou uma manutenção inevitavelmente federalista de uma moeda única podre que já não serve os interesses de Portugal, ou a preparação de um menos mau regresso – tanto quanto possível – ao Escudo. Tendo sempre presente que esse dito regresso seria bastante duro, é possível equacionar-se uma série de medidas que poderão suavizar a difícil troca (não a conseguindo no entanto tornar “leve” por si só).
Importa reparar que o fim de Portugal no Euro não seria o fim do país na Europa: Maurice Schuman, Konrad Adenauer e Alcide de Gasperi, fundadores da União Europeia, nunca quiseram verdadeiramente uma U.E. maior do que aquilo para o qual foi inicialmente desenhada – livre circulação de bens, livre oferta de serviços, movimentação livre de capitais financeiros e emigração livre – desenganem-se os (pseudo) europeístas convictos na matéria.
O nosso país tem 868 anos de quedas e ressurgimentos, e o regresso ao Escudo trará apenas mais um de muitos ciclos económicos negros da nossa história. No entanto, libertar o nosso país de uns terrivelmente próximos “Estados Unidos da Europa” sediados em Berlim e liderados pela dupla “Merkozy”, não é um dever nosso enquanto portugueses, mas sim enquanto auto-denominados apoiantes da liberdade – sem rodeios ou Eurobonds pelo caminho…
- [1] F. A. Hayek, The Fatal Conceit: The Errors Of Socialism, 1989. ↩