domingo, 28 de novembro de 2010

O Melhor Economista de Sempre

Neste nosso mundo, o triunfo é ambicionado por todo o comum dos mortais. Vê-se busca pelo triunfo nos clubes de futebol, nas mais variadas empresas e universidades, e até nas centrais sindicais. Se a vontade move montanhas, na nossa sociedade capitalista, a vontade de se sentir brisas de glória moverá penínsulas. Como apreciadores do mundo económico que somos, surge-nos então a pergunta cliché:

Quem terá alcançado, até aos dias de hoje, o maior sucesso e triunfo nos palcos e bastidores da ciência económica?

Comecemos por avaliar o termo “triunfo” à luz das consciências do séc. XXI. Para além do impacto positivo que o indivíduo em causa provoca na sociedade durante o período de tempo em que trabalha inserido nela, também importará para o tópico em questão o nível de inovação que o próprio oferece ao mundo, ou seja, aquilo que de novo este introduz na sua arte, tendo por isso também de se ter em conta as condições que este teve ao seu dispor no caminho para atingir as metas designadas.

É pelo que já referi, que faço desta questão uma competição com poucos corredores. Considerarei como finalistas para este modesto “hall of fame contest”, os três economistas mais estudados e debatidos por todo o mundo: Samuelson, Keynes e Friedman.

(Embora Adam Smith não entre, para mim, nesta discussão, reconheço-o como o pai da Economia enquanto ciência, acreditando por isso que toda a comunidade científico-económica deverá lembrar-se dele com imensa gratidão por tal feito.)


-Em 1970, Paul Samuelson (1915-2009) tornou-se o primeiro economista americano a ganhar o Prémio Nobel da Economia, tendo sido considerado por órgãos de prestígio (como o New York Times, ou as Swedish Royal Academies), como sendo o mais importante economista do séc. XX no que diz respeito a áreas estruturantes da ciência da economia como a análise económica.

O trabalho e a crença de Samuelson foram influenciados por Keynes, tendo o primeiro liderado a escola Neo-Keynesiana e atacado diversas vezes o discurso libertarista de Friedman.

Quem estudou Gestão, Finanças, Economia ou até Direito, e está agora a viver a sua meia idade (ou nem por isso) prontamente se lembrará das obras académicas de Samuelson. É um facto: Já se leu em Portugal mais vezes este autor, do que a própria Bíblia ou os Lusíadas, ao longo do último século.

No entanto, o autor do livro de Economia mais vendido de sempre (“Economia: Uma Análise Introdutória”) e vencedor da Medalha John Bates Clark, afasta-se do primeiro lugar do pódio por não ter contribuído, tanto quanto outros autores, para a inovação e progresso da ciência sócio-económica.

Embora tenha sempre defendido ferozmente as teorias de Keynes, Samuelson nunca criou nenhuma “arma teórica” poderosa que tenha sida usada contra a “Escola de Chicago” liderada por Milton Friedman (”escola” essa que foi sempre alvo dos seus constantes ataques públicos). Triunfou pelo auxilio notável prestado ao estudo da Economia, mas afastou-se do essencial: Contribuir de modo prático e marcante para a mudança da realidade vivida pela sociedade que o rodeou.


-John Maynard Keynes (1883-1946) fica para a história como sendo o economista britânico cujas ideias afectaram mais profundamente as teorias e práticas da macroeconomia moderna. “Intervencionismo” foi a palavra que melhor o definiu.

Tendo o seu pico de fama surgido entre 1929 a 1933, ao ser chamado pelo Presidente Americano Roosevelt para implementar o New Deal, Keynes recuperou a economia americana depois do choque da Grande Depressão – a maior crise económica da História da Humanidade – ao promover políticas de investimento público com vista a gerar novos postos de trabalho através das obras públicas promovidas pelo governo (e assim colocar a economia estadunidense de novo em funcionamento).

Economista genial e homem fraterno, Keynes combateu o mais terrível cenário económico de sempre: O da Grande Depressão nos Estados Unidos da América. As taxas de desemprego eram de 25% (ou um quarto de toda a força de trabalho americana). Com sangue frio. A famosa frase “No longo espaço de tempo estaremos todos mortos” foi a máxima utilizada pelo inglês quando este expressou em público a real necessidade de se tomarem medidas imediatas, depois de milhões de pessoas terem perdido o seu ganha-pão, e de centenas de homens e mulheres se terem suicidado (tal foi o desespero provocado pelo pós “Crash” da bolsa de Nova York).

John Maynard Keynes fica para a História mundial como o mais carismático intervencionista de todos os tempos. O objetivo de Keynes, ao defender a intervenção do estado na economia não é, de modo algum, destruir o sistema capitalista de produção. Muito pelo contrário, segundo o autor, o capitalismo é o sistema mais eficiente que a humanidade já conheceu (incluindo aí o comunismo ou o fascismo). O objectivo é o aperfeiçoamento do sistema, de modo que se una o altruísmo social (através do Estado) com os instintos do ganho individual (através da livre iniciativa privada). Segundo o autor, a intervenção estatal na economia é necessária porque essa união não ocorre por vias naturais, graças a problemas do livre mercado (desproporcionalidade entre a poupança e o investimento, assim como o "Espírito Animal" dos empresários).

Hoje em dia é o economista “da moda”. Está na moda invocar Keynes, assim como está na moda aplicar políticas com justificação nas supostas teorias Keynesianas. Resultado? A maior parte das tentativas caem por terra, pois tal como disse um dia o fiscalista Henrique Medina Carreira “essa gente lê o Keynes como quem lê receitas de bacalhau”, tendo em conta que os grandes pensadores da economia deverão ser sempre considerados à luz dos tempos em que viveram. Quem nunca ouviu o nosso actual Primeiro-ministro invocar a obra megalómana do TGV “pelo bem da economia portuguesa"? É urgente que alguém o lembre de que estamos no século XXI, desarmados de política monetária (que está nas mãos da União Europeia) e com as fronteiras abertas a um mundo globalizado… Tal política Keynesiana “à lá Partido Socialista português” é por isso plenamente inútil nos dias de hoje, resultando apenas em postos de trabalho fantoches e efémeros, assim como num aumento gratuito do défice público.

Tendo inspirado milhares de Economistas por todo o mundo, Keynes surge-nos como "o salvador”. Mas bastará, para se ser o “melhor de sempre”, apenas e só ficar-se por um brilhante resgate, depois do mal já nos ter atingido?


-Milton Friedman (1912-2006), nascido no bairro do Bronx em Nova Iorque, filho de imigrantes ucranianos pobres, ganhou tudo o que havia para ganhar no seu tempo: A Medalha John Bates Clark, o Prémio Nobel da Economia (1976), a Medalha Presidencial da Liberdade e a Medalha Nacional da Ciência. Foi “líder” da Escola Económica de Chicago, um dos principais fomentadores da ideologia política actualmente conhecida como libertarianismo e conselheiro do mítico presidente americano Ronald Reagan.

Ainda jovem, Friedman participou com Keynes no New Deal, tendo se “virado” contra as teorias do seu mestre na década de 1950, reinterpretando o trabalho do inglês. A partir daí, Friedman foi até ao dia da sua morte o mais controverso e refrescante economista do mundo.

Tendo escrito vários best-sellers acerca da liberdade Humana e da teoria monetarista, Friedman fica para a História como o “não intervencionista”, tendo sido sempre um defensor acérrimo do capitalismo democrático sob a forma de Livre Mercado maximizado. Milton Friedman, achava que o Estado tinha o dever moral de se intrometer o menos possível na vida económica dos países, reflectindo-se essa mesma moral em efeitos práticos no que concerne à qualidade pura da economia e ao seu desempenho.

Responsável pela mítica frase “Os governos nunca aprendem, só as pessoas é que aprendem”, Friedman deixa-nos um legado rico a todos os níveis, inclusive uma panóplia de séries televisivas disponíveis online que são ainda hoje ponto de auxílio para milhares de estudantes por todo o mundo.

Mas o que coloca afinal Friedman à frente de Keynes?


- Para além do não ter sido “pai” de nenhum movimento político e ideológico marcante e actual, Keynes perdeu a batalha da Grande Depressão contra Friedman, pois não a conseguiu prever e evitar enquanto teve oportunidade. Friedman, ao reinterpretar pela primeira vez a teoria Keynesiana, detectou um modo brilhante a partir do qual teria sido possível evitar a Grande Depressão. A resposta está na política monetária através da qual este propõe a injecção de “novo dinheiro” nos bancos que se encontravam a um passo de negar o levantamento de moeda aos seus depositantes. Deste modo, ao verem que o seu dinheiro estava em segurança, as pessoas não o levantariam das suas contas, sossegadas por sinais públicos de tranquilidade expressados diariamente pelas instituições bancárias – simples, Humano, brilhante e um ponto de acordo para enorme parte dos economistas actuais. Com esta jogada, a inflação subiria, é certo, mas poderia mais tarde ser combatida com políticas anti-inflacionárias simples. Por outro lado, o sistema empresarial não cairia por falta de crédito, impedindo assim a desgraça da crise de acontecer (ou pelo menos, de acontecer do modo que os americanos a sentiram na pele).

Assim jogam os mestres do triunfo…

Governo irlandês, UE e FMI chegam a acordo sobre pacote de ajuda



Programa de empréstimo de cerca de €85 mil milhões a Dublin tem ainda de ser aprovada pelos ministros das Finanças europeus, reunidos em Bruxelas a partir das 12h00.

O governo irlandês e uma missão de peritos europeus e do FMI chegaram a acordo sobre as linhas gerais de um pacote de auxílio de cerca de 85 mil milhões de euros a Dublin, especialmente para os bancos, disse hoje uma fonte diplomática.

Este programa de empréstimo da UE e do Fundo Monetário Internacional - a segunda ajuda para um país da zona do euro em seis meses, depois da Grécia - tem ainda de ser aprovada pelos ministros das Finanças europeus, reunidos em Bruxelas a partir 12h00 (hora de Lisboa).

"O plano está pronto e deve ser discutido e aprovado hoje", disse a fonte próxima às discussões em curso.


Uma parte importante do programa previsto, €35 mil milhões, deve ser usado para salvar os bancos irlandeses, sobrecarregados com dívidas na sequência do rebentamento de uma bolha imobiliária.

O resto vai para o Estado irlandês, que viu o seu défice aumentar para 32,1% do PIB.



Fonte: Lusa
10:21 Domingo, 28 de Novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Diluente Crónico #2



Republicanos. E agora?

Comemorado este ano o centenário da República Portuguesa, República essa, que depois de passar por dois anteriores regimes menos felizes que o actual, está sem dúvida a atravessar águas turvas neste nosso “jardim à beira mar plantado”. Sendo eu republicano de convicção, observei com particular interesse os primeiros festejos e celebrações destes nossos gabados cem anos de sistema republicano. Até tive pena de ter faltado ao concerto de celebração no Coliseu do Porto, por parte do enorme Rui Reininho, mas algo que me saltou à vista foram os (minimamente) mediatizados protestos por parte de alguns resistentes monárquicos. Ao que parece, as hordas de D.Duarte existem, e estão inquietas com a celebração da bela data republicana. Curioso por saber mais sobre esse protesto, que em número, pensava eu, “só deveria mesmo ter euros gastos”, fui tentar saber mais sobre as razões de tais amarguras por parte dos adeptos da coroa, e deparei-me com o “Aqui D’El-Rei!”, um livro de Nuno Pombo, anunciado na primeira página do site da livraria Bertrand. Dizem que devemos conhecer quem se nos opõe para os podermos criticar legitimamente, e como tal, li o pequeno livro de princípio a fim: Adivinhe-se, continuo republicano, mas houve um queixume por parte desses mesmos adeptos da monarquia, que me indignou. E fê-lo não contra ao meu lado republicano apenas, mas contra o meu lado democrata, e ao meu respeito não pela nossa constituição como um todo, mas ao que de bom não temos feito com ela.

Na verdade, a nossa Constituição, formalmente tão democrática e universalista, possui os mecanismos autoritários e antidemocráticos das suas congéneres de 1911 e 1933. A alínea b) do artigo 288.º - é a derradeira tranca administrativa do regime. Qualquer revisão constitucional é possível, e passo a citar, "se for respeitada a forma republicana de Governo". Esta é uma forma especial de democracia! Aquela que estabelece que a mesma só existe para a facção dominante, deixando quem pensa de forma diferente fora da legalidade e do democraticamente possível. É antidemocrático, e é feio, mas acredito que a mudança deste artigo fosse de fácil execução, dado que o factor “liberdade” seria prontamente reconhecido neste tema… É lamentável que até na nossa Lei Fundamental, os nossos preguiçosos legisladores continuem a fazer colagens bacocas e obsoletas de leis cujo prazo de validade já há muito foi ultrapassado.

Resumindo, depois de ultrapassados os Salazares e Sidónios, vive-se num país tão livre e democrático onde mesmo que o povo na sua maioria seja apologista de outro sistema de governação democrática que não o actual, esse sistema não poderá ser aplicado, pois devemos respeitar a “mui nobre” república de 100 cãs. Francamente, este nosso actual regime começa a lembrar-me de certo modo, a moral que se extrai das obras de Eça de Queirós: Os tempos mudam, mas os erros mantêm-se os mesmos. E eu até que sou republicano…

Diluente Crónico #1

Lusitânia a Pontapé


Gosto de futebol. Não gosto é que, como ultimamente tem acontecido, este desporto seja usado para revelar a mediocridade em que a nossa sociedade de valores vai mergulhando.

Apercebi-me desta situação, quando há uns meses, o avançado e capitão dinamarquês, Jon Dahl Tomasson, lançou uma “farpa” na imprensa dinamarquesa, ao dizer que Portugal foi ao Brasil “comprar” Liedson, depois deste ter sido recusado por Dunga, o seleccionador brasileiro. Tomasson disse também que nem na Dinamarca, nem na Escandinávia ocorre esse tipo de situações, “Não fazemos isso na Dinamarca, nem no resto da Escandinávia, comparando com o que acontece nos países do Sul da Europa”. De início apeteceu-me acusar o escandinavo de racismo puro, mas mais tarde senti-me obrigado (tendo a declaração sido tecida com alguma “dor de cotovelo” ou não) a dar-lhe parte da razão. Vivemos num país em que são precisos seis anos de trabalho em território nacional, para que um individuo receba a nacionalidade portuguesa (nada contra!), e num país em que o título de cidadania é brutal e cegamente misturado com o cargo da representatividade. Para alguém representar organismos como a selecção portuguesa de futebol, bastar-lhe-á apenas, que por território luso tenha passado, e ficado a trabalhar, durante seis anos. Acho que a representatividade devia ser considerada após um prazo mais dilatado do que o necessário para que um indivíduo obtenha naturalização portuguesa. Assim, devia ser aumentado esse prazo para um número de anos necessários, recorrendo a uma comissão de conceituados sociólogos, dispostos a investigar o tópico em questão.

É certo que o desporto é um negócio (prova viva disso são as famosas SADs), mas se os clubes/empresas estão para o negócio, para o que estarão as selecções de representatividade nacional?! Arrisco hipótese: Para um falseado jogo de interesses, e então vamos à pressa para a China, arrebanhar meia dúzia de campeões de ténis de mesa… Com isso ganhamos umas medalhas na modalidade e damos corpo ao “espírito olímpico”!

Não questiono o sentimento nacional de homens como Luís Cunha, mais conhecido como Nani, que embora nascido em Cabo Verde, passou a maior parte da vida em Portugal, tendo imigrado para terras lusas durante o seu terceiro ano de escolaridade; não questiono o patriotismo de Bosingwa, nascido em Kinshasa, tendo-se mudado para Seia, no distrito da Guarda, no interior de Portugal, com tenra idade, nem de Petit, nascido em Estrasburgo, mas que ainda jovem veio fazer a sua vida para o nosso país. Mas se estamos a falar de atletas como Deco, Pepe e Liedson, que por mais conceituados tecnicistas, e portugueses de B.I. que sejam, tendo eles visto na selecção portuguesa uma “segunda via” de promoção das suas carreiras (lembro o caso de Liedson, que 4 meses antes de receber a naturalização portuguesa deu uma entrevista à TV Globo em que dizia ao povo brasileiro “só se imaginar a jogar de ‘canarinha’ ao peito”) e que nem casa em Portugal alguns deles detêm, não me consigo convencer do seu sentimento nacional. Bom ou mau, um “grupo selecção” é o melhor que um país tem para oferecer. Pouca diferença restaria entre selecções e clubes, caso cada um "contratasse" os atletas que quisesse, independentemente de algo mais: algo que não pode ser demonstrado por um simples papel carimbado.

Neste panorama nacional, em que tanto pessoas, como cargos, são aceites e requeridos por conveniência de interesses, e não pelo preenchimento dos requisitos que as funções acarretam, é necessário aclamar uma moral identitária.

Ah! E já agora, era bom que esses atletas (e os outros…) soubessem a letra do nosso hino…

A Méstria do Libertarianismo - "What Would Milton Friedman Say?"


The day after Milton Friedman died in November 2006, The Wall Street Journal published an article about monetary policy that Friedman had written. Unable to recall when the article had first appeared, I asked the editor. "Today," he said. "Milton adapted it just a couple of weeks ago from a research paper he was working on."

This took a moment to sink in. Friedman, by universal consent one of the two or three most consequential economists of the 20th century, had still been performing original economic research then describing his findings for ordinary readers--at the age of 94.

What would Milton have said if he were still with us today? Friedman spent his final three decades at the Hoover Institution--my office was just two doors down the hall from his--and earlier this week I sat down with two of my Hoover colleagues, economists Thomas MaCurdy and Jay Bhattacharya, both close students of Milton, to decide what questions we would have asked him--and how he might have replied.

Would Milton have seen this crisis coming?

Of course. The moment the housing bubble burst Milton would have recognized that we were in for trouble. Why? Because as banks limited their lending, the money supply contracted. And whereas Milton believed that changes in the money supply affect only the price level over the long term, he recognized that over the short-term changes in the money supply can produce dramatic effects in the real economy.

"What would Milton have told you caused the recession in the early 1980s?" Tom asks. "[Federal ReserveChairman] Paul Volcker's reduction in the rate of growth of the money supply. And what has happened now? Another relativecontraction in the money supply. Milton would have told us we're headed right into a recession."

Whom would Milton have blamed?

For the bubble itself? Probably nobody. From the tulip mania in Holland more than three-and-a-half centuries ago to the dot-com bubble here in the U.S. less than a decade ago, wildly irrational behavior sometimes develops in markets. "Friedman never argued that markets are perfect," says Jay, "only that over the long run they're a lot more efficient than any other method of allocating resources." Sometimes, Milton recognized, bubbles just happen.

Whatever the origin of the bubble, however, Milton would have blamed Congress for making it much, much worse. Congress, after all, created Fannie Mae and Freddie Mac, institutions that spent tens of billions of dollars on subprime instruments. "Congress told Fannie and Freddie to subsidize bad loans for the purposes of social engineering," says Jay. "It was terrible, just terrible."

What would Milton have made of government efforts to address the crisis?

He would have approved of such efforts in Britain--but expressed grave reservations about those here in the U.S.

"Milton would have wanted the authorities to find very, very aggressive ways of expanding the money supply," says Tom. The Bank of England did just that, placing large deposits in banks throughout the British financial system. "What they did in England was quick, clean and direct."

Here in the U.S., by contrast, Treasury Secretary Henry Paulson's original bailout plan, under which the Treasury would have spent hundreds of billions of dollars purchasing subprime and other instruments from major banks, went at the problem backwards. "The government should take responsibility for the money supply, but not for setting prices," says Jay. "The problem with subprime assets is that nobody knows what they're worth. Friedman would have told you that bringing the government in wouldn't have helped that."

With his new plan, under which the Treasury has now taken equity stakes worth $125 billion in nine big banks, Paulson has finally begun to make sense. "Direct injections of capital into banks--Milton would have approved of that," Tom says. "But why did it take so long? Why did we have to wait for the Bank of England to set the example?"

What would Milton have seen as the principal danger to the economy that the crisis now poses?

The very same equity stakes mentioned above. It is one matter for the government to make deposits in banks, as the Fed regularly does, Milton would have held, but another for the government to purchase equity, as Paulson has just done.

"Look, if the government wraps up its equity positions and gets out of the banks quickly, then okay," says Tom. "The danger is that the government will stick around and start managing the banks, setting loan policies, establishing salary limits for the top executives and stuff like that. Friedman would have been really clear on this. Banks should be run by bankers, not politicians."

Would Milton have seen the crisis as a setback for capitalism?

Only in the short term.

"If this election goes the way it looks as though it's going to go," says Tom, "then the political system is about to get a major overcorrection to the left. And that means the American people are about to get an extreme illustration of just how badly government intervention screws stuff up."

"If Milton were here," Tom says, "he'd tell us to remember what happened during the Clinton administration. After just two years, the Republicans ended up in control of both houses of Congress."

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Escrito por Peter Robinson, investigador membro da Hoover Institution ( Stanford, California, EUA), para o site oficial da revista Forbes - www.forbes.com

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Governador do Banco da Irlanda espera ajuda internacional


O governador do Banco Central da Irlanda, Patrick Honahan, manifestou hoje a esperança de que o governo irlandês aceite a ajuda financeira internacional, para ajudar a solucionar o défice do país.

"As expetativas da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), assim como as minhas, é de que seja disponibilizado um empréstimo", declarou Patrick Honahan, estimando ser necessário "dezenas de milhares de milhões de euros" para repor as contas irlandesas.

As declarações do governador do Banco Central da Irlanda foram proferidas em Frankfurt (na Alemanha), onde o responsável se encontra a participar numa reunião do Banco Central Europeu, a qual decorre precisamente no dia em que responsáveis pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) chegam a Dublin, na Irlanda.

Ao viajar para a Irlanda, a equipa internacional espera conseguir identificar a dimensão do buraco financeiro do Estado irlandês e do setor bancário, assim como determinar as medidas que serão necessárias adotar para tranquilizar os mercados.

A dívida pública irlandesa tem aumentado desde setembro passado, altura em que o ministro das Finanças, Brian Lenihan, avançou com a estimativa de €45 mil milhões como o valor necessário para resgatar cinco bancos irlandeses.A esta situação junta-se o gigantesco défice da Irlanda, 32 por cento do PIB - o maior desde o pós-guerra europeu -, com o governo a elaborar um plano de austeridade de quatro anos, que inclui cortes na ordem dos €4,5 mil milhões e €1,5 mil milhões em novos impostos.

As negociações que se iniciam hoje em Dublin, na Irlanda, com a UE e o FMI, poderão prolongar-se por vários dias.

In ExameExpresso

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A classe média está a chegar à sopa dos pobres

Ficaram sem ter como pôr comida na mesa e começam agora a engrossar as filas nas instituições que prestam ajuda assistencial. Muitos dos 280 mil portugueses que dependem dos cabazes do Banco Alimentar contra a Fome são da classe média. Tinham emprego, férias, acesso à net e tv por cabo, cartão de crédito. Ficaram com uma casa para pagar ao banco, um subsídio de desemprego que tarda a chegar - quando chega - ou que já acabou. Um carro que já não sai da garagem.









Chegam à Assistência Médica Internacional (AMI), à Caritas ou às Misericórdias e pedem comida, ajuda para pagar os livros dos filhos, a mensalidade da casa, a conta da farmácia. Pedem, sobretudo, que não lhes divulguem o nome, porque nunca se imaginaram na posição de quem faz o gesto de estender a mão a pedir ajuda. "São pessoas que [nas cantinas comunitárias] comem viradas para a parede, têm vergonha de ser vistas ali, se lhes perguntamos o nome, fogem...", ilustra Manuel Lemos, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), em cujos refeitórios comunitários (que substituíram as velhíssimas sopas dos pobres) "a procura aumentou entre 200 a 250 por cento".


Ainda nos refeitórios das misericórdias, as médias etárias baixaram "dos 65 ou mais para os 42 anos ou menos", calcula Manuel Lemos. E que quem ali vai já não são só os sem-abrigo, os velhos e os inempregáveis do costume. Prova-o a forma como se vestem. "São pessoas arranjadas e cuidadas, nota-se que já tiveram a vida mais equilibrada. Ficaram desempregadas, ou aconteceu-lhes outro qualquer desarranjo, mas naturalmente não deitaram a roupa fora...", conjectura o padre Rubens, da Igreja do Marquês, no centro do Porto, onde noite sim, noite sim, comem cerca de 200 pessoas, num serviço que foi concebido no ano passado para 40.

Na maioria das vezes, os pedidos chegam por email. "Desde o ano passado que nos chegam pedidos de professores, advogados, engenheiros: profissões que nada fazia prever que precisariam de ajuda institucional", diz Daniela Guimarães, educadora social na Cáritas do Porto. Por causa destes novos utentes, a Cáritas ampliou a sua oferta, que era alimentar e de vestuário. "Este ano criámos apoio medicamentoso, e, entre Janeiro e Outubro, investimos 5063 euros em medicação. Os apoios pontuais para pagar a água, a luz ou renda também não existiam, mas as pessoas começaram a chegar aqui já com a luz cortada ou com as casas em situação de execução fiscal e tivemos que começar a intervir aí também."


Na distribuição de roupa também houve alterações. "As terças-feiras à tarde continuaram a ser maioritariamente para os sem-abrigo e depois abrimos mais um dia para as outras pessoas que sempre viveram bem e que de repente...". E que repente ficam com os bolsos vazios a sugerir a necessidade de um emprego. Pessoas que, mesmo com emprego, de repente baixam a cabeça para contar que o dinheiro já não chega sequer para o café diário. "Há dias uma funcionária pública contava-me que, perante as colegas, disse que o médico a proibira de tomar café, porque tinha vergonha de assumir que não tinha dinheiro para as acompanhar."

Na maior parte das vezes, os pedidos chegam quando a retaguarda familiar já se desmoronou. E depois há "os recibos verdes, que não se encaixam nas "gavetas", porque não preenchem os requisitos para nenhum tipo de apoio", nota Daniela Guimarães.


Fechados em casa com fome


Menos mal quando pedem ajuda. Nos centros Porta Amiga, da AMI, 7026 pessoas pediram apoio social no primeiro semestre de 2010. Cerca de 75 por cento do total de 2009. A maioria entre os 21 e os 59 anos, ou seja, com idade para estar a trabalhar. Mas a coordenadora regional do Porto da AMI, Cristina Andrade, lamenta é pelos que não chegam a sair de casa. "Há muita gente fechada em casa, a passar fome. Com vergonha de sair porque nunca na vida pensaram ter que recorrer a uma instituição. Antes de cá chegarem, já venderam o recheio da casa, acumularam dívidas e só vêm quando as coisas estão em tribunal ou quando não têm para dar de comer aos filhos", relata. E insiste numa ideia que há-de repetir várias vezes: "Pedir ajuda é um direito, as pessoas têm que perder a vergonha de o fazer."


Não é algo que vá acontecer facilmente, na óptica do sociólogo Elísio Estanque. "Há aqui uma inconsistência de status. Do ponto de vista simbólico, as pessoas criaram uma imagem e um estatuto de classe média, mas agora vêem-se aflitas porque os orçamentos deixaram de cobrir os consumos a que estavam habituadas, e, portanto, deixaram de ter meios para responder em coerência com essa expectativa simbólica." "Escondem-se, porque ninguém gosta de ostentar a sua miséria, muito menos pessoas que tinham projectado para o exterior um estatuto diferente", especifica o autor do estudo Classes e Desigualdades Sociais em Portugal, publicado em 1997, em co-autoria com José Manuel Mendes. A situação actual só surpreende quem não andou atento aos números. Em 2003, o INE dizia que 20,4 por cento da população estava em risco de pobreza, ou seja, tinha rendimentos inferiores a 414 euros mensais. Em 2008, José Sócrates orgulhava-se de ter reduzido essa taxa para os 18,9 por cento. Se tivéssemos olhado para aqueles números antes das transferências sociais, percebíamos que a taxa de pobreza tinha aumentado na realidade de 41,3 por cento, em 2003, para os 41,5 em 2008. Agora, "o cenário está pior, com um peso muito maior de desempregados entre os pobres", reflecte Bruto da Costa, sem, contudo, arriscar números. Para percebermos como chegamos aqui temos que recuar alguns anos. "Por causa do crescimento económico, do desenvolvimento da administração pública e de um processo de concentração urbana muito brusco, entre outros factores, os trabalhadores começaram a acreditar que podiam pertencer à classe média e isso, aliado à facilidade de crédito, ajudou a que ficassem mais disponíveis para a compra de casas, assim como para os empréstimos para aquisição de carros, telecomunicações, equipamentos de longa duração. Tudo isso criou a ilusão de que a condição de classe média era sólida e estável. Ora, na verdade isso nunca aconteceu, porque as pessoas estavam era endividadas e o que esta crise está a provocar agora é um enorme defraudar dessa expectativa", acentua Estanque. Voltamos aos números: em Agosto, o incumprimento no crédito à habitação ascendia aos 1.957 milhões. E a casa é a última coisa que as pessoas deixam de pagar. "Enquanto tiverem um tecto não são sem-abrigo e conseguem esconder a miséria em que vivem", sublinha Cristina Andrade. No crédito ao consumo, a taxa de incumprimento é um pouco maior: sete por cento do total, ou seja, 1232 milhões de euros. Estanque olha para estes números e vê "uma classe média minimalista que está a atrofiar-se muito rapidamente". No mesmo sentido vai a análise do sociólogo Boaventura Sousa Santos. "A classe média é composta por aqueles que conseguem planear a vida, a ida dos filhos para a universidade, a compra do carro, as férias. Ora, as condições que tornaram possível o seu aparecimento estão a ser destruídas", constata, para concluir que, "se as democracias valem o que vale a classe média, então é evidente que a democracia portuguesa está a cometer suicídio".

Fonte: Público